“Conhecendo meu primo, sei que gostaria de poder ajudar o próximo, principalmente se for salvando uma vida. A doação de órgãos deu uma nova luz no momento do luto. Fomos acompanhados pela Central de Transplantes, que nos manteve informados sobre os procedimentos formais e previsão dos acontecimentos”. O relato é do engenheiro agrônomo, Lucas Naoe, representante de uma das centenas de famílias que autorizaram a doação de órgãos no Tocantins.
O processo de captação de órgãos é conduzido pela Central Estadual de Transplantes do Tocantins (CETTO), gerida pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO), a qual celebra 13 anos, no sábado, 13. Após o serviço consolidado, entre 2016 e 2025, a CETTO registrou 474 doadores, sendo 78 doadores de múltiplos órgãos e 396 doadores de córneas. No mesmo período, foram realizados 496 transplantes de córnea, procedimento que devolve visão, autonomia e qualidade de vida a tocantinenses que aguardavam por uma nova chance. O transplante de córneas é realizado no Hospital Geral de Palmas (HGP).
Kira Valeska Fialho Gutierrez, que teve morte encefálica, foi à primeira doadora de múltiplos órgãos no Tocantins, homenageada pela Assembleia Legislativa do Tocantins (Aleto) em 2019 pelo ato de amor autorizado da família. “É amor Pleno. Saber que a vida lhe derrotou naquele momento, mas com a sua perda pode haver a vitória em outra pessoa. Na verdade você faz um ato de amor, porque se estivesse esperando do outro lado da fila também se alegraria ao receber. O sentimento de dever cumprido como ser humano. Não é porque eu perdi, que outra pessoa não pode vencer”, afirmou o filho Alberto Donato Gutierrez de Paula, que autorizou a doação.
Segundo a coordenadora da Central Estadual de Transplantes (CETTO), Tatiana Oliveira Costa, “ao longo de sua história, a CETTO vem aprimorando protocolos, capacitando equipes, fortalecendo parcerias e integrando serviços em todas as regiões do Tocantins. Todo esse empenho tem um propósito claro que é assegurar que o processo de doação e transplante aconteça com ética, transparência e profundo respeito às famílias. Reforçamos que doar é um gesto de amor, é compartilhar vida e a CETTO segue firme com a missão de salvar vidas, apoiar famílias e construir um Tocantins cada vez mais solidário”.
“Parabenizamos toda a equipe da CETTO e os parceiros que ao longo destes anos fortalecem o processo de doação de órgãos e tecidos, no Tocantins e, principalmente, às famílias que dizem sim para a vida. Sem estas famílias, o serviço não teria razão de existir e aproveitamos a data para conscientizar mais pessoas sobre o processo de doação que salva vidas”, afirmou o secretário-executivo da SES-TO, Luciano Lima Costa.
Rede integrada pela vida
O trabalho da CETTO envolve uma ampla rede de profissionais e instituições que atuam 24 horas por dia para que cada oportunidade de salvar vidas seja aproveitada. A rede é composta pela Organização de Procura de Órgãos do Tocantins (OPO), Banco de Olhos do Tocantins, as Comissães Intra-hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), Hemorrede Tocantins, Laboratório de Saúde Pública do Tocantins (LACEN-TO), Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, Polícia Militar do Tocantins, Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (CIOPAER), Grupamento de Radiopatrulhamento Aéreo (GRAER), Defensoria Pública do Tocantins (DPE), Ministério Público Estadual (MPE-TO) e Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins. Cada parceiro cumpre papel fundamental na logística, transporte, articulação e suporte técnico, garantindo segurança e celeridade em todos os processos.
Criação da CETTO
As ações que originaram a CETTO começaram em 2007, com a Portaria/SESAU nº 775. Em 2011, a Lei nº 2.524 instituiu a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO-TO). O credenciamento junto ao Ministério da Saúde ocorreu em 2012, com a Portaria nº 1.444, consolidando oficialmente o serviço no Estado.